Desde que foram
descobertos os primeiros fósseis de dinossauros, no início do século 19,
eles aguçam a curiosidade de cientistas. E a descoberta do minúsculo Pampadromaeus Barbarenai
— encontrado em rochas sedimentares no município de Agudo, no Rio
Grande do Sul, que datam de 228 milhões de anos — pode desvendar muito
dos mistérios ainda existentes sobre esses seres que dominaram a Terra
por milhares de anos.
Os ossos do Pampadromaeus foram encontrados em 2004. Durante
dois anos, eles permaneceram dentro de um bloco de arenito de
aproximadamente 220 quilos. Desde então começaram a ser estudados por um
grupo de pesquisadores e, há duas semanas, o “novo” dinossauro teve
suas características apresentadas aos brasileiros e divulgadas na
revista científica de paleontologia Naturwissenchaften, da Alemanha.
O dinossauro tinha apenas 50 centímetros de altura e 120 centímetros de
comprimento, e teria um peso aproximado de 15 quilos, segundo os
pesquisadores. “O que chama atenção nesse dinossauro é o fato
de ele ser pequeno, o que é uma tendência dos gêneros mais basais,
aqueles que dão origem a outras espécies. Esse fato torna a descoberta
ainda mais importante para a paleontologia”, afirma o coordenador da
equipe de pesquisadores do Pampadromaeus, Sérgio Furtado Cabreira, da Universidade Luterana Brasileira (Ulbra Canoas).
Esse dinossauro representa um dos mais antigos membros da linhagem dos sauropodomorfos
— um grupo de dinossauros de pescoço longo caracterizado pelo hábito
tipicamente herbívoro e pelo grande tamanho de alguns de seus membros.
Mas, ao contrário destes, ele tinha pouco mais de 1,2 metro de
comprimento e se alimentaria de pequenos animais e insetos e algum
vegetal (hábito denominado onívoro).
“Ele apresenta caracteres voltados à carnivoria. Os ossos do crânio não
são fusionados entre si e apresentam mobilidade, o que só acontece com
animais carnívoros e que se alimentam de presas vivas.” Estes ossos do
crânio ficariam articulados entre si apenas através de ligações móveis —
fixados através de ligamentos e cartilagens, por exemplo. Outro
elemento que caracteriza o dinossauro como carnívoro são os dentes. Ao
contrário dos dinossauros herbívoros, que têm os dentes em fileiras
cerradas, no final do osso maxilar do Pampadromaeus os dentes eram pequenos e bastante espaçados, característicos entre os predadores.
Entre as outras detalhes do dinossauro, descobertas pelo grupo de
pesquisadores, estão os ossos finos e delicados, braços pequenos, corpo
esguio e pernas longas, o que indica ainda que ele era um corredor. “Até
hoje, foram encontrados cerca de 12 dinossauros basais desse período.
Todos eles são relativamente pequenos. Os maiores seriam derivados
dessas espécies”, disse.
SAIBA MAIS
O “novo” dinossauro recebeu o nome de Pampadromaeus Barbarenai, porque
foi descoberto no pampa, vegetação de gramíneas típica do Sul do Brasil,
Uruguai e Nordeste da Argentina, e dromaeus, que em latim significa
corredor. O nome “corredor dos pampas” seria uma alusão ao animal veloz.
Já Barberenai, dizem os pesquisadores, é uma homenagem a Mario Costa
Barberena, um paleontólogo do Rio Grande do Sul já aposentado
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